Império Tlavatli
| Bandeira do Império Tlavatli |
O Império Tlavatli foi a segunda grande formação política a surgir no planeta Kishar.
Fundação
O segundo império de Kishar surgiu de Tlilan, um centro comercial insular que desenvolvera intensos laços comerciais com o Império Cari e cujos habitantes vieram a ser conhecidos como tlavatlis, por volta de 1800 afA.
O Império Tlavatli estendeu seu poder sobre Tlapalan, as ilhas vizinhas, as costas ocidentais do Mar de Varjá e o sul de Rutá. Nessa ilha, cerca de 1500 dfA, ou seja, 1.500 anos antes da data convencional de início da cronologia atlante, foi fundada a primeira cidade de Atlântis. O nome tem origem na língua tlavatli, na qual significa "castelo das águas", referindo-se às fontes exuberantes que ainda hoje abastecem a cidade imperial.
Aproximadamente na mesma época, surgiu o Império Senzar, originado por uma liga defensiva formada pelos habitantes das terras ocidentais para se defender das tentativas de conquista pelos tlavatlis.
Até há algumas undécadas, a historiografia atlante via esse antigo Império como relativamente atrasado e primitivo, um reflexo apagado do grandioso Império Cari no Oriente. Descobertas recentes vêm, porém, mudando radicalmente esse quadro. O primeiro Império Tlavatli pode ter dominado a magia e a tecnologia em grau equivalente ou até superior ao Império Cari. Pensou-se por muito tempo que os caris haviam sido os responsáveis pela construção do formidável sistema de canais de Atlântida, bem como do Sumidouro, isto é, do sistema de águas e esgotos de Atlântis, mas novas evidências indicam que são ainda mais antigos e datam do período tlavatli. Foram apenas aproveitados e ligeiramente ampliados pelos caris, assim como o foram pelos senzares da dinastia de Atlás que os sucederam no controle da metrópole. Atlântis pode ter sido quase tão populosa na era tlavatli quanto é hoje e Tlilan, em seu apogeu, deve ter sido uma cidade pelo menos equivalente. Os caris foram comprovadamente responsáveis apenas pela construção original das imensas muralhas de Atlântis, característica comum a todas as grandes metrópoles caris, mas inexistente nas mais antigas cidades tlavatlis.
A Guerra dos Mil Anos
Durante o primeiro milênio da história tlavatli e a maior parte do segundo, as relações com o Império Cari foram normalmente cordiais, salvo pequenas disputas comerciais. Entretanto, seis anos antes do início da cronologia oficial atlante, em 6 afA, subiu ao trono de Ki o Imperador Dagana, que dispondo de novas tecnologias de guerra naval, decidiu estender suas colônias pelo oceano. Rompeu a paz com o Império Tlavatli para invadir as ilhas de Daitya, Gopá e Rutá, que então lhe pertenciam. Ao que tudo indica, a conquista do já relativamente antigo "castelo das águas" tlavatli pelos primeiros caris que desembarcaram na ilha de Rutá é o ponto de origem da cronologia oficial da cidade de Atlântis.
Apesar de séculos de guerra intermitente, Dagana e seus sucessores não conseguiram dominar o núcleo do Império Tlavatli, que era o seu principal objetivo. Enquanto Tuté e os territórios fomoris caíram sob o domínio de Ki, os tlavatlis resistiram com sucesso, recebendo apoio do Império Senzar. Nem mesmo Asar, o mais poderoso dos imperadores caris, conseguiu submetê-los, embora depois de 800 dfA tenha reforçado sua marinha e transferido a capital de Ki para Mempi, para se concentrar nas operações navais. Em 1295 dfA, os imperadores caris renunciaram formalmente a conquistar Tlapalan e firmaram um acordo de paz perpétua.
Em 1513 dfA, depois de dois séculos de decadência econômica e agitações políticas, o Império Cari foi dilacerado por uma violenta guerra civil entre Haru e Sutah, pretendentes ao trono de Mempi. Aproveitando a oportunidade, o Império Tlavatli retomou a aliança com o Império Senzar e juntos invadiram e anexaram os territórios caris ocidentais.
Com apoio de Agarta, Haru acabou vitorioso, mas perdeu para sempre a maior parte de seu império. Suas possessões em Nemté e Daitya foram anexadas aos domínios tlavatlis e a ilhas de Rutá e Gopá couberam aos senzares. A cidade de Atlântis, junto com as regiões circunvizinhas, coube aos senzares, que em 1538 nela fundaram um vice-reino. O Império Tlavatli atingiu então sua máxima extensão territorial, abrangendo as atuais Tlapalan, Karu, Tamoanchan, Makinak e Daitya, num total de 14,65 milhões de quilômetros quadrados e 100 milhões de pessoas, mas não conseguiu recuperar a prosperidade dos séculos anteriores à Guerra dos Mil Anos.
Decadência
A longa guerra exauriu, porém, os combatentes, desorganizou o comércio mundial e ocasionou uma profunda regressão da cultura em quase todo o planeta. Nos anos 1600, os quatro grandes impérios – Senzar, Tlavatli, Cari e Agarta – mergulharam no caos feudal. A autoridade dos seus soberanos supremos pouco se estendia além das capitais; os chefes locais lhes prestavam apenas uma vassalagem simbólica. Inúmeros tesouros intelectuais foram perdidos, à medida que antigos centros culturais se esvaziavam ou os guardiões da cultura eram expulsos pela barbárie.
A partir de 1616, os chefes da ilha de Rutá e Daitya recusaram-se a prestar homenagens, mesmo formais, aos seus antigos suseranos em Tolan e Tlilan. Liderados pelo primeiro Atlás, título então dado ao rei da cidade de Atlântis, proclamaram sua independência.
Esta foi a chamada idade das Trevas, da qual o mundo começou a emergir por volta de 1800, quando novas técnicas psíquicas, mágicas e científicas começaram a ser descobertas (ou redescobertas) pelos sacerdotes e mercadores atlantes. Por volta de 2000, a manipulação genética já lhes permitia criar novas espécies de vegetais, animais e seres racionais e manipular a matéria bruta numa escala não vista desde os melhores anos do Império Tlavatli e do Império Cari.
A magia permitiu criar gigantescas galeras sem remadores e estranhas máquinas voadoras. Novas culturas e gigantescas obras de irrigação redobraram a produtividade agrícola de Atlântis, que por volta de 2100 já era tão grande e próspera quanto nos melhores dias. O Império Tlavatli também começou a se reorganizar, mas não o suficiente para enfrentar o novo desafio.
Em 2120, o 34º Atlás iniciou a expansão imperial, conquistando Daitya e Niakateiros. O 35º Atlás iniciou a conquista do Império Tlavatli e entre 2144 e 2148 ocupou grande parte do atual vice-reino de Karu no que foi a mais grandiosa e ousada campanha militar atlante até então. O 37º Atlás completou a conquista, tomando Tlilan em 2188 dfA, após outra longa luta.